A Fascinante História dos Minijardins e sua Popularização em 1893


"Minha paixão de anos me levou a buscar informações sobre a origem dos primeiros minijardins. Existem muitas informações sobre o tema, e passei meses procurando novidades que não encontrei em sites brasileiros. Agora, compartilho um pouco com vocês!"

Os minijardins, inicialmente conhecidos como ‘jardim de prato’ ou ‘jardim de tigela’, são chamados pelos americanos de ‘Japanese dish gardens’. A origem mais antiga registrada remonta a mais de 5.000 anos.

Na China, os monges criavam jardins em miniatura em pratos de cerâmica para se entreter durante o tempo ocioso. Também existem paisagens em miniatura conhecidas como penjing, que se concentram mais na arte das árvores anãs, os bonsai.


"Le jardin japonais - Louis Icart - Paris - Publicado na revista L'Illustration de 1932."


1848 - Tōkaidō Gojūsan-eki Hachiyama

Nos arquivos da Biblioteca Virtual USDA, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, há uma digitalização de um livro raro e antigo de 1848, que contém imagens de um jardim de prato de Tōkaidō Gojūsan-eki Hachiyama. Você pode ver todas as imagens aqui!"


"Ilustração de Tōkaidō Gojūsan-eki Hachiyama."



1893 - Pavilhão Japonês na Feira Mundial de Chicago

A possível popularização dos minijardins ocorreu durante a Feira Mundial de Chicago, em 1893, onde foi apresentado o Pavilhão Japonês, com exposições de minijardins bem elaborados. Esses jardins chamaram a atenção dos americanos pela arte e arquitetura dessas belas obras em miniatura.


1892 - Revista Americana Atlantic Monthly

Antes disso, em 1892, a revista Atlantic Monthly (volume 70) publicou o artigo intitulado "No Jardim Japonês", que discute o encanto e a inspiração proporcionados pelos jardins japoneses, incluindo os jardins em vaso. O artigo está nas páginas 14 a 33. Você pode baixar aqui a revista Atlantic Monthly, vol. 70, de 1892 (em inglês).

Um trecho do artigo diz: "... jardim em um vaso do tamanho de um prato de frutas, chamado de ko-niwa ou tokoniwa, que pode ocasionalmente ser visto no tokonoma (alcova, no Brasil) de pequenas moradias humildes, espremidas entre outras estruturas, que não possuem terreno para cultivar um jardim ao ar livre." (pág. 15)

O ko-niwa ou tokoniwa geralmente é feito em uma tigela ou caixa rasa esculpida. Cria-se uma paisagem com um design incrível, repleta de detalhes, com casas sobre colinas, e um mar ou lago passando sob pontes, além de muitas plantas minúsculas e árvores anãs (bonsais). É uma verdadeira obra de arte em miniatura, reproduzindo um autêntico jardim japonês.


"O ko-niwa captura os elementos tradicionais de um jardim japonês em miniatura, com detalhes intrincados que trazem uma sensação de serenidade e harmonia."



1914 - Artigo do New York Times

Em 1914, o New York Times publicou um artigo intitulado "O Jardim Japonês". O artigo começa comentando sobre o alto custo de compra de um minijardim japonês nas floriculturas da época, o que tornava esse desejo inalcançável para muitos.

"Muitos de nós olhamos ansiosos para os minúsculos jardins japoneses, espalhados pelas janelas dos floristas. Entretanto, o preço parece proibitivo para muitos de nós, e sufocamos nosso anseio por um desses jardins, com a certeza de que, afinal, são apenas bugigangas." (trecho do artigo)

O texto sugere que, se você comprar as peças separadamente em uma loja japonesa, o custo será bem menor, tornando possível que qualquer pessoa tenha seu próprio minijardim. O artigo ensina como montar um jardim japonês, utilizando uma tigela delicada com pelo menos 25 cm de diâmetro e certa profundidade, mas também sugere um prato plano branco como alternativa.

Dicas para decorar o pequeno jardim incluem musgos, pedrinhas, plantas, uma bonita árvore anã, pedaços de coral, entre outros. O artigo também oferece ideias de paisagens, como colinas cobertas de musgos e praias com cascalhos, e sugere acrescentar um pouco de água sobre os cascalhos para imitar a praia ou um lago. No entanto, alerta para o que não fazer, como colocar água sobre a areia, o que poderia resultar em lama e deixar a paisagem feia e suja. Confira o artigo completo aqui (em inglês)!

Esse artigo demonstra que, em 1914, já existia uma "moda" dos minijardins.


1920 - Revista Americana American Forestry

Segundo um artigo da revista American Forestry, volume 26, de agosto de 1920, os designers de jardins faziam modelos em miniatura de seus projetos para que os clientes pudessem visualizar como ficaria o jardim proposto, assim como os arquitetos fazem com suas maquetes.

Durante muitos anos, na cidade de Kyoto, realizava-se anualmente uma competição de "jardins de brinquedo", onde jardineiros paisagistas exibiam seus trabalhos. (Infelizmente, não consegui um link para download gratuito.)



"Esse minijardim foi feito para representar uma aldeia do Japão. Publicado em 1920 na revista American Forestry."



1921 - Revista Americana The House Beautiful

Em novembro de 1921, a revista americana The House Beautiful, volume 50, nº 5, publicou um artigo intitulado "Como fazer um jardim japonês de prato". Abaixo, segue um trecho:

"A arte japonesa de fazer uma horta, ou Hachi-Niwa, é tão única quanto pitoresca. Imagine uma paisagem em miniatura, perfeitamente construída em um prato raso ou tigela, medindo entre seis centímetros e dois metros, e você entenderá o que é um jardim japonês de prato. Não é de admirar que seja chamado de jardinagem paisagística em uma tigela, e muitos desses minúsculos jardins podem ser facilmente colocados em uma bandeja de chá. A ideia, dizem, veio da China. Um jardim em miniatura é particularmente encantador para varandas, onde a quantidade de plantas é limitada ou onde se deseja um toque de verde no inverno."
Por Marion Brownfield - páginas: 422 e 423.

O que se evidencia aqui é que o minijardim foi bem aceito desde o início e sempre esteve "em moda", variando conforme a época e o território. Os monges o cultivavam como forma de distração e meditação; os japoneses, como reprodução de suas paisagens e maquetes para seus trabalhos; e os americanos, assim como nós e outros países, o viam tanto como passatempo quanto como profissão. O consenso é que esses pequenos pedaços da natureza podem ser delicados ou não, com acessórios caros ou não, em recipientes de prato, tigela, barro, cimento, plástico... Independentemente de como são feitos, eles encantam a todos e nos aproximam daquilo que desejamos ter, seja uma paisagem familiar, um lugar imaginado ou simplesmente um refúgio mágico que possamos contemplar e tocar!


"Que seu jardim traga paz e alegria!"


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